segunda-feira, 6 de setembro de 2010

IEMANJÁ

IEMANJÁ (iya: “mãe”; omo: “filho”; eja: “peixe”).


A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.
Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela reger nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.
Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que a bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo).
A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha.
Filha de Olokum e mãe da maioria dos orixás. Sua cor é branca, associada ao orixá Oxalá; juntos teriam feito a criação do mundo. É proveniente de uma nação chamada Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com o mesmo nome do orixá.
Exu, seu filho, se encantou por sua beleza e tomou-a à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, e bravamente Iemanjá resistiu à violência do filho que, na luta, dilacerou os seios da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo” desaparecendo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokum e ao criador Olorum. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo dando origem aos mares. Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros na corte.
YEMONJÁ

É uma belíssima ninfa negra de grandes e belos seios desnudos e volumosos, aparece sempre com uma vestimenta da cintura para baixo, nas cores azul e branca, com um adorno em forma de coroa, chamado Akoro, mas conhecido como Adê, na cor prateada, tendo nos braços braceletes de prata e idés, em suas mãos um leque de prata em forma de peixe, chamado de Abebè e uma espada chamada de Kupanga Omyi Benbe ou Lidá, demonstrando assim as riquezas encontradas nas águas profundas do mar. Divindade das águas salgadas.


QUALIDADES



YEMUO

É a primeira, a mais velha e esposa de Xangô. Veste branco e cristal

YIAMACÈ ou YIAMACI-MALÉ

É a segunda, mãe de xangô e Oxumaré. Esposa de Orannian e muito festejada durante as festas consagradas a seu filho Xangô. Suas contas são brancas leitosas, rajadas de vermelho e azul.

YINAÉ ou MALELE

É a terceira, aquela que os filhos sempre serão peixes, também conhecida como Maribó, mora nas águas mais profundas, é a sereia, ligada a reprodução dos peixes, vem sempre a beira mar apanhar sua oferendas. Ligada a Oxalá e a Exú.

OGUNTÉ

É a quarta, espôsa de Ogun Alakibebé, mãe de Ogun Akoro. Ogunté quer dizer aquela que contém Ogun. Vive perto das praias, no encontro das águas com ás pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas que Ogun usa, penduradas em sua vestes. Sua maior quizila é a pata.
Come carneiro e todos os bichos machos, castrado na hora do sacrificio. Come com seu filho Ogun nos campos e caminhos. Veste azul marinho e branco cristal ou verde e branco (nas casas de jeje não come carneiro).

OLOSSÁ

É a quinta. Come com Osún e Nanan. Veste verde claro e sua contas são branco cristal. Come carneiro castrado na hora do sacrificio (nas casas de jeje não se copa carneiro).

ASAABÁ ou SOBÁ

É a sexta.É velha e manca da perna esquerda, devido uma luta com Exú. Muito rabujenta e traiçoeira, fala de costas,fia as roupas de Oxalá e comanda ás camadas profundas do mar. Foi casada com Orumilá IFÁ e usa uma corrente de prata no tornozelo, come pata e tem pavor de carneiro, come junto com Omolú,Osún Karé e Oxalá.

YIASESSU ou SESSU

É a sétima. É a mensageira de Olóòkun, o deus do mar. Vive nas águas sujas do mar e é muito esquecida e lenta. Come com Obaluwàiyé e Ogun. Veste verde água e suas contas branco cristal. Come pata e carneiro castrado na hora do sacrifício(na nação jeje não come carneiro).

AKURÀ

É a oitava. Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro, come com Nanan, veste o verde água e contas iguais.

AYIO

É a nona. Muito velha e veste sete anáguas para proterger-se. Vive no mar e descansa na lagoa. Come com Osún e Nanan.
SUAS FOLHAS

Erva prata, macassá, capueraba branca e azul, umbúba, oxibata, altéia, arassá da praia, colõnia, condessa, graviola, erva de santa luzia, mãe boa, lágrima de Nossa senhora, pata de vaca e a principal que é o papo de peru.
Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyé omo ejá (“Mãe cujos filhos são peixes”), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do àse da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Yemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o deus do ferro e dos ferreiros, contrariamente à opinião de numerosos que escreveram sobre o assunto no fim do século passado. Não nos deteremos nas extravagantes hipóteses do Padre Baudin, retomadas com entusiasmo pelo Tenente-Coronel Ellis e outros autores. Daremos, porém, em notas um resumo destes textos.
O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeukutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira(ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta, vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.
Iemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Numa história de Ifá, ela aparece “casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé,…Iemanjá, cansada de sua permanência em Ifé, foge mais tarde em direção ao Oeste. Outrora, Olóòkun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado, pois “não se sabe jamais o que pode acontecer amanhã”, com a recomendação de quebrá-la no chão em caso de extremo perigo. E assim, Iemanjá foi instalar-se no “Entardecer-da-Terra”, o Oeste. Olofin-Odùduà, rei de Ifé, lançou seu exército à procura de sua mulher. Cercada, Iemanjá, em vez de se deixar prender e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. Um rio criou-se na mesma hora, levando-a para Okun, o oceano, lugar de residência de Olóòkun (Olokum).
Iemanjá tem diversos nomes, relativos, como no caso de Oxum, aos diferentes lugares profundos(ibù) do rio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva. Esta particularidade de possuir seios mais que majestosos – ou somente um deles, segundo outra lenda – foi origem de desentendimentos com seu marido, embora ela já o houvesse honestamente prevenido antes do casamento que não toleraria a mínima alusão desagradável ou irônica a esse respeito. Tudo ia muito bem e o casal vivia feliz. Uma noite, porém, o marido havia se embriagado com vinho de palma e, não mais podendo controlar as suas palavras, fez comentários sobre seu seio volumoso. Tomada de cólera, Iemanjá bateu com o pé no chão e transformou-se num rio a fim de voltar para Olóòdun, como na lenda precedente.

                    Iemanjá no Novo Mundo

Iemanjá é uma divindade muito popular no Brasil e em Cuba. Seu axé é assentado sobre pedras marinhas e conchas, guardadas numa porcelana azul. O sábado é o dia da semana que lhe é consagrado, juntamente com outras divindades femininas. Seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, de azul-claro. Fazem-se oferendas de carneiro, pato e pratos preparados à base de milho branco, azeite, sal e cebola.
Diz-se na Bahia que há sete Iemanjás:

Iemowô, que na África é a mulher de Oxalá;

Iamassê, mãe de Xangô;

Euá (Yewa), rio que na África corre paralelo ao rio Ògùn e que freqüentemente é confundido com Iemanjá em certas lendas;

Olossá, a lagoa africana na qual deságuam os rios.

Iemanjá Ogunté, casada com Ogum Alagbedé.

Iemanjá Assabá, ela é manca e está sempre fiando algodão.

Iemanjá Assessu, muito voluntariosa e respeitável.
Em Cuba, Lydia Cabrera dá sete nomes igualmente, especificando bem que apenas uma Iemanjá existe, à qual se chega por sete caminhos. Seu nome indica o lugar onde ela se encontra.

LENDA DE YEMONJÁ

Yemonjá, grande orixá das águas, era filha de Olokun, o senhor dos oceanos. Era possuidora de um grande instinto maternal, que fez dela mãe de dez filhos. Embora casada, não tinha grande apego por seu marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas ele era um homem muito importante e poderoso, e não permitiria tal desonra. Yemonjá também pensava no bem-estar de seus filhos, não podendo deixá-los desamparados.
Seu marido usava o poder com tirania, inclusive com sua família, tornando a vida dela insuportável. Ela não agüentava mais se submeter aos caprichos de um homem que ela desprezava.
Ela procurou seu pai para aconselhar-se sobre a atitude que deveria tomar. No fundo, ela já estava decidida a fugir, mas precisava de seu apoio. Olokun não a recriminou, pois ela era uma soberana e, como tal, não poderia aceitar o jugo de ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma cabaça com encantamentos, para que ela usasse quando estivesse em perigo.
Yemonjá colocou seu plano em prática, fugindo com todos os seus filhos.
Quando ela já estava bem longe de sua aldeia, viu que estava sendo perseguida pelo exército de seu marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles eram muitos e seria uma luta desleal. Yemonjá odeia os confrontos, pela destruição que causam, já que é um orixá propagador de vida.
Quando se sentiu acuada, resolveu abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai. Do seu interior escoou um líquido escuro, que, ao tocar o chão, imediatamente formou um rio, que corria em direção ao oceano.
Foi nessas águas que Yemonjá e seu povo encontraram um caminho para a liberdade

ARQUÉTIPO

Tomamos emprestada a descrição do arquétipo de Iemanjá a Lydia Cabrera, sua filha, certamente a mais competente de todas aquelas que nos foi dado o prazer de conhecer: “As filhas de Iemanjá são voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justas mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérias. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Elas têm tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem um tal fausto”.


from → Vida de Santo

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