terça-feira, 31 de maio de 2011

Oxosse/Odé


Oxossi

  Na Umbanda, Oxossi é considerado o chefe dos caboclos, índios e boiadeiros. Orixá das matas e amigo inseparável de Ogum é o representante da medicina na mitologia africana: para os povos nativos, suas folhas e ervas medicinal são fontes de saúde.
  Oxossi habita nas entranhas das florestas virgens. É o senhor dos arbustos, protetor de toda a flora. Foi ele quem inspirou as comunidades negras na busca do conhecimento de suas origens.
  Ele comanda a falange dos Caboclos que baixam nos terreiros. No sincretismo religioso, é representado por são Sebastião (no Rio de Janeiro) e por são Jorge ( na Bahia). Tem como dia votivo o 20 de janeiro, época em que os fiéis levantam choupanas com galhos verdes para homenageá-lo.
  A fim de levar adiante sua tarefa de governar os caboclos, Oxossi precisa da ajuda do orixá Ossaim, deus das folhas medicinais, das folhas e ervas aromática. Seu dia da semana é quinta- feira, juntamente com Ogum. As cores de Oxossi são todos os matizes do verde, visto que ele protege as florestas.
  Quando se manifesta nos médiuns no terreiro. Oxossi é saudado com Okê Caboclo, visto que fuma charuto, bebe vinho e tem uma dança folclórica. Nesta dança, ele se movimenta como se estivesse atirando uma flecha. Tem como insígnias o arco e a flecha, tacape, bodoque, capacete de penas (cocar), saiote de penas coloridas.
  Todas as oferendas a Oxossi devem ser arriadas em matas, e deverão constar do seguinte:

-7 velas verdes
-Milho cozido em grãos
-1 prato de alguidar de barro
-Fita verde
-Charutos
-Vinho tinto
-Casca de coco (cuité)

Ao chegar à mata, saúde inicialmente a Ossaim, deus da folhagem. Em seguida, bata palmas junto do pé de um arbusto dos maiores, onde será depositada a oferenda. Acenda as velas e coloque o prato com milho cozido no centro das velas. Depois, abra a garrafa de vinho, beba um gole e despeje no cuité (casca de coco aberta ao meio). Faça um laço no gargalo da garrafa com fita verde e acenda os charutos. Bata a cabeça e faça uma prece em voz baixa, cantando o Ponto.
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    Aruê caçador
Lambaranguange matou subaé
   Tauamin
Aruê caçador
Lambaranguange matou subaé
   Tauamin
Caça na Aruanda, ô coroa
Oxossi é caçador, ô coroa
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Oxossi- Deus da Caça
Como é cultuado no Candomblé

  É o orixá protetor das matas e das caças, Oxossi dança levando ofá (arco e flecha), chapéu de couro ou adê com penas.
  Carrega capanga (bolsa de couro onde guarda a caça).
  Em seu ritual suas cores são o azul claro e o verde. No sincretismo religioso, Oxossi é representado por São Jorge e São Sebastião.
  São encontrados vários tipos de Oxossi, tais como:

  •          Otin – tipo de Oxossi que dança com uma lança
  •          Inlé ou Ibualamo
  •          Agué
  •          Odé
  Oxossi geralmente come tudo que é caça principalmente o tatu. O orixá também saboreia um prato feito de milho chamado Axoxô.
  Os pejis de Oxossi são colocados nas matas. Geralmente damatás em ferro representam o Orixá.
  Encontramos nos Pejis de Oxossi objetos de caça, quartinhas contendo Jurema (bebida feita com mel ou melado e o suco da entrecasca da planta jurema).
  Oxossi é considerado como o Rei de Ketu.

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“Omo Adé Lai Lai
 Omo Adé Lai Lai
Agbadô Lokô Koisô
Omo ode Kosojó”
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No candomblé uma das cerimônias mais importantes é dedicada a Oxossi, que vem a ser a cerimônia das Quartinhas de Oxossi.
  Na nação ketu suas saudações são as seguintes:
·         Okê
·         Odê Kokê Maió
·         Okê Arô
  Segundo a mitologia, Oxossi não nasceu Orixá. Seu antigo nome era Odé, e era casado com Oxum.
  Odé foi caçar no dia de ifá. Ifá era um importante Orixá, que proibia a todos de caçar em seu dia. Odé não obedece aos pedidos de Oxum (sua esposa) e vai para a mata caçar ; depois de muito andar encontra uma grande cobra que era Oxumarê. A cobra canta para ode:
  “Eu não sou bicho de pena para Odé matar”.
  Sem entender, Odé a mata, e a corta em pedaços, colocando-a em sua capanga. Ainda assim a cobra continua a cantar. Ao chegar em casa Odé prepara a cobra e a come, enquanto Oxum foge.
  Ao voltar no dia seguinte Oxum encontra o marido morto, vendo no chão o rastro de cobra voltando para a mata. Oxum desespera-se e vai chamar Ifá, que por sua vez considera o fata e faz desaparecer o corpo de Odé.
  Após decorridos sete anos Odé surge como Orixá, possuindo o nome de Oxossi.
  Em rituais do Candomblé, como Angola, Congo e Caboclo, Oxossi é conhecido pelos seguintes nomes:
  •          Mutalombo
  •          Tauamin
  •          Mutacalombo
  •          Cobogira

Oxaguian "Oxaguiã"





Oxaguian “Oxaguiã”

  Entre as diversas formas e mutações em que o orixá Oxalá se apresenta, temos, na nação ketu Oxaguian, o qual se apresenta um jovem guerreiro, levando o obé e escudo; na cinta, carrega uma mão de pilão.
  Dos objetos que representam Oxalá e suas qualidades, podemos destacar o Segi, conta cilíndrica de cor branca, consagrada a Oxaguian.
  Uma das cerimônias mais importantes no candomblé é a do inhame novo,onde a mão de pilão de Oxaguian é utilizada.
  Para saudar Oxaguian, diz-se: exê-e-Babá

As Cerimônias:

  No Brasil, o calendário religioso do Candomblé apresenta as festas de Águas de Oxalá como de grande importância. Os filhos e filhas de Santo, todos vestidos de branco, em procissão, seguem para pegar a água para a cerimônia de Balué. Toda a água é levada em potes, quartinhas e porrões. Vários animais (todos brancos) são levados como presente para Oxalá, sendo sacrificados mais tarde. A seguir, no barracão, dançam os Oxalás. Para homenagear Oxaguian, fazem-se as cerimônias Ojó Odô (Dia do Pilão*), onde é servido inhame pisado no pilão e os crentes entoam esse cântico:
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 O fururu lô erê ô
  O kuienen lejibó
  Ilê ifan motiuá Babá
 Aji bô relê mokubá  ô
 Oluá eruaó eu aorá êuáêxê
 Euá ora euá exê Babá
Euá ora euá exê Babá
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*Um costume que permaneceu vivo através dos tempos, e que pode ser verificado quando das cerimônias em louvor a Oxaguian. As pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta. Logo após, recebem uma porção de inhame pilado, e Oxaguian vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo de suas preferências gastronômicas.

Lendas de Oxaguian:

“Oxaguian (forma jovem de Oxalá), filho de Oxalufã, valente e guerreiro, desejava ter um reino a qualquer custo.
 Dois reinos vizinhos estavam em guerra, e seus habitantes consultaram os babalaôs sobre o que fazer para conseguir que a paz voltasse a reinar entre os povos. Um dos sacerdotes lhes respondeu que eles deveriam oferecer a Oxaguian, o orixá da paz q vestia-se de branco como uma pomba, a comida que ele mais apreciava: inhame pilado- conta-se, inclusive, que foi Oxaguian (que significa “comedor de inhame pilado”) quem inventou o pilão, para poder prepará-la. E assim os moradores agiram. Após as oferendas terem sido entregues, a paz voltou a reinar entre os dois povos. Oxaguian, então, tornou-se por todos conhecido, e conseguiu seu próprio reino. Ainda hoje são oferecidas grandiosas festas a este orixá, visando fartura durante o ano todo.”
“ Oxaguian nasceu em Ifé, e era filho de Oxalufã. Ele nasceu bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan.
  Oxaguian, que era um guerreiro muito valente, decidiu que conquistaria um reino a qualquer custo, e partiu para a empreitada, acompanhado de seu amigo Awoledjê. Mas nesta época, Oxaguian ainda não possuía este nome.
  Após chegar num pequeno lugar chamado Ejigbô, tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô).
   A comida predileta de Oxaguian sempre foi o inhame pilado, tanto que chegou ao ponto de inventar o pilão, para que seu prato predileto pudesse ser preparado. Ele comia o inhame pilado, que os yorubás chamam de iyan, o tempo todo – pela manhã, ao meio-dia, depois da sesta, no jantar e mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago, e recusava qualquer outra comida. Tal predileção  impressionou os outros orixás, ao ponto destes lhe darem o cognome de Oxaguian: orixá comedor de inhame pilado, como passou então a ser chamado.
  Seu companheiro de empreitada Awoledjê, era um babalaô, grande adivinho, que sempre o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa feita, ele aconselhou Oxaguian a preparar uma oferenda que contivesse: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Awoledjê
Afirmou-lhe, ainda, que se Elejigbô seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa, e povoada de muitos habitantes.
  Awoledjê, então, partiu em viagem a outros lugares.
  E Elejigbô fez o que o amigo sugerira e a pequena Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como fora previsto por Awoledjê. Rodeada de muralhas, com fossos profundos, tinha as portas fortificadas, e guardadas armados vigiavam suas entradas e saídas. Também passou a possuir um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. E Elejigbô passou a viver com grande pompa, entre suas mulheres e serviçais. Então, ao se referir a ele, não mais se usava seu nome, pois tal seria tido como grande falta de respeito. Passou-se a usar a expressão Kabiyesi – Sua Majestade, ao se referir a ele.
  Passaram-se alguns anos, e Awoledjê voltou e, desconhecendo completamente a atual posição de seu velho amigo, perguntou aos guardas, ainda na entrado do palácio, e com bastante intimidade, notícias do “Comedor- de-inhame-pilado”. Os guardas se chocado com o desrespeito do forasteiro, esbravejaram contra sua impertinência com o Kabiyesi, e o espancaram. Depois o jogaram na cadeia.
  Awoledjê, quase morto e extremamente revoltado com o tratamento recebido, decidiu vingar-se, utilizando-se de magia. E durante sete anos seguintes a chuva não caiu sobre o reino de Ejigbô, as mulheres ficaram estéreis e os pastos secaram. Elejigbô, desesperado, foi consultar um babalaô em busca de solução. Como resposta, ouviu: “Kabiyesi, toda esta infelicidade é conseqüência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi, e obter o seu perdão!”
  Assim, Awoledjê foi finalmente solto, mas, cheio de ressentimento, refugiou-se no fundo da mata. E Elejigbô teve que ir suplicar-lhe que o perdoasse e esquecesse os maus tratos sofridos.
  “Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caísse de novo ,Oxaguian, mas tem uma condição: A cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, para cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se”
  E assim foi feito, e até hoje se repete: todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se durante todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.

Copiado da revista dos Orixás nº5

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Obaluaiê / Omulu

                                          



  De acordo com a mitologia africana,Omulu,também chamado de Xapanã,Kanjanjá e Kaviungo,no ritual angola,é Rei do Mundo e Filho do Senhor.Diz-se que é filho de Nanã,oriundos do Mahi,e que como divindades teriam sido incorporados ao culto yorubá.
  Conforme a lenda, Obaluaiê (ou Omolu) teria levado seus guerreiros aos quatro cantos da Terra; as feridas de suas flechas tornavam as pessoas cegas,surdas ou mancas.Quando ele chegou na região do Daomé,um Babalaô ensinou ao povo a forma de acalmar a fúria de Omulu,fazendo-lhe oferendas da pipocas.
  Sensibilizado pelas atenções recebidas, Obaluaiê mandou construir um palácio, passando a viver naquele país, o qual prosperou e passou a viver em paz.Os filhos de Obaluaiê tem o dom de curar, revelando-se grandes médicos.As cores deste orixá são o preto e o branco; seu dia é a segunda-feira;seus metais são o zinco e o estanho; suas pedras,o ônix e o olho-de-gato; seus perfumes, a verbena, o sândalo e o benjoim (que devem ser usados alternadamente às segundas-feiras.
  Outros pesquisadores falam das oferendas, ensinando como prepará-las e onde entregá-las.Sugerem o seguinte?

-pipocas feitas em casa,estouradas no dendê;
-1 alguidar ou prato de barro;
-7 velas bicolores(preta e branca ou preta e vermelha);
-1 litro de vinho branco;
-1 vidro de mel de abelhas;
-1 pedaço de pano branco;
-1 vela branca;
-fitas amarelas e pretas

  No cruzeiro das almas ou num cemitério,ou até mesmo em uma igreja, acenda uma vela branca para as almas.Forre com o pano branco o lugar onde deverá arriar a oferenda.Acenda as 7 velas de duas cores.Tome um punhado de pipocas com a mão direita e passe pelo corpo, desde o topo da cabeça até os pés,recolocando-as no prato.
  Acenda as velas e coloque no centro o prato de pipocas (que leva o nome de Doburu). Abra o litro de vinho,derrame um pouco no chão e deixe-o ao lado do prato ,que deverá ser regado com o mel.Faça um laço com as fitas e coloque sobre o prato de pipocas.
  Arriada a oferenda, faça uma prece em voz baixa, invocando o Orixá. Cante o ponto e saia de costa, de modo algum olhando para trás.
  Esta oferenda é feita, normalmente, quando se deseja pedir melhora de saúde. Ou ainda, quando se é filho deste Orixá, que é grande protetor quando bem tratado com a oferenda que mais aprecia.


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  Ponto de Omulu; 
                        
Quem vê um velho no caminho
peça a bênção
Quem vê um velho no caminho
peça a bênção
O velho Omulu
Atotô  Obaluaiê
O velho Omulu
Atotô  Obaluaiê
Atotô Obaluaiê
Atotô Obaluaiê,Atotô Babá
Atotô Obaluaiê,Atotô é um Orixá
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  No candomblé, Omulu representa a terra, tanto o solo como as camadas mais profundas. É o médico dos pobres, o Orixá da endemia,a entidade da varíola, da peste e das chagas.Mora nos cemitérios e controla as almas.
  No sincretismo religioso, ao ser chamado de Obaluaiê, é considerado São Roque e São Lázaro. Com o nome de Omulu, é sincretizado como São Sebastião e Santo Isidoro.
  Protetor dos animais, seu animal abençoado é o cachorro. Tem como seu  escravo o poderoso Exú caveira,
considerado o príncipe dos cemitérios.
  Omulu dança nos candomblés cobertos com um Filá (capuz) de palha-da-costa, levando nas mãos o xarará (feixe de palha-da-costa,búzios e contas). Este xarará representa a vassoura ritual , com o qual Omulu varre todas as doenças. Encontramos,ainda,na indumentária de Omulu, as guias (colares ou fios de contas) confeccionados com búzios, palha-da-costa trançada e laquidibá (rodelas de chifre de búfalo ou de boi).

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Orô de Omulu

 "Oladê un badê 
  Oladê un badê
    Ayê ayê ayê
  Oladê un badê"

 "Sumbu e e sumu muzãnge
  Sumbu e e sumu muzãnge
 Sumbu de se te kwen dadile
  Koma joke fite nkitako
 Majo kefi te kwen da"

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  A nação Ketu saúda Omulu como: Atotô ou Ajuberô.
  A origem de Omulu é duvidosa.Algumas lendas afirmam ser Yemanjá sua mãe legítima; enquanto que outras lendas dizem ser ele o segundo filho do casamento de Nanã buruku com oxalá. A segunda versão é a mais aceita pelo povo afro-brasileiro.
  As festas em homenagem a Omulu são conhecidas por Obaluaxê,Olubazé ou Olubajé.
  O peji de Omulu deve ser regado com bastante sangue em uma cerimônia reverenciada também a Oxumarê e Nanã buruku.O sangue colocado nos pejis  é proveniente de um bode e vários galos, mortos pelo zelador do peji.
  Todas as festas reverenciadas a Omulu são realizadas em cabanas confeccionadas com folhas de dendezeiro. A cabana deve ser construída em frente ao peji.Quando a festa se dá por encerrada,os filhos de Omulu cantam:
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" Olubajé ajé umbó
   Olubajé ajé umbó
   Ara ê ajé umbó
  Olubajé ajé umbó"

Outros cantos;

"Casinha branca, casinha branca,
               Que eu mandei fazer
 Para oferecer ao meu pai Omulu
             Atotô Obaluaiê
 Salve minha mãe Oxum 
    Salve Nanã Buruque
      Seu atotô Obaluaiê"


"Se encontrar com o velho no caminho
             Toma benção
 Deus te abençoe
 Deu te abençoe
 Deus te abençoe
 Obaluaiê Obaluaiê
 Deus te abençoe"
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Uma lenda

" Conta a lenda que Obaluaiê é filho de Nanã e Oxalá, tendo sido concebido após Nanã seduzir Oxalá,usando ela de artifícios, e embriagando-o.Mas Oxalá lhe era interditado, por ser o marido de Yemanjá, e o ato de Nanã transgrediu uma lei da natureza, o que a levou a dar à luz um menino feio, mal formado, com o corpo por varíola.
  Nanã não agüentou olhá-lo, e o lançou à beira-mar para que a maré cheia o levasse. Caranguejos e peixes
morderam seu corpo, que ficou bastante deformado.Yemanjá o encontrou quase morto e, ficando com pena, dele cuidou até que ficasse totalmente curado.Mas Obaluaiê ficou com o corpo repleto de cicatrizes, as quais eram tão feias que o deixavam com vergonha.Assim,Obaluaiê nunca participava de nada, ficando sempre à espreita, envergonhado com a própria feiura.Então, lhe confeccionaram uma roupa de mariwo ( espécie de fibra de palmeira) que lhe cobria todo o corpo. Somente as pernas e os braços de Obaluaiê, que não foram tão atingidos, ficavam à mostra.
  E assim cresceu Obaluaiê, coberto de palhas,taciturno, compenetrado e, por vezes, mal-humorado.Aprendeu com Oxalá e Yemanjá a curar suas doenças e outras moléstias graves.
  Obaluaiê, certa vez, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas da aldeia por onde estava passando que lhe dessem um pouco de comida e água.Mas as pessoas se assustaram com sua figura coberta de palhas e o expulsaram da aldeia.
  Ele continuou pelos arredores da aldeia,triste e angustiado, a observar as pessoas.
  E os dias foram esquentando, as plantações queimando, as crianças ficando cheias de varíola, os homens adoecendo, e as mulheres ficaram estéreis.Os moradores, acreditando que o "homem das palhas" havia amaldiçoado a aldeia, imploraram-lhe o perdão, pedindo-lhe que voltasse à aldeia.
  Ainda com fome e sede, Obaluaiê retornou à aldeia, pisando a terra seca, o todo o mal existente acabou.Então as pessoas lhe deram de beber e o alimentaram .Nesse momento, Obaluaiê disse às pessoas que jamais negassem água e alimento a quem quer que fosse, independente de sua aparência. E foi embora.
  Ao retornar à terra natal, encontrou uma grande festa dos orixás. Como achou pouco conveniente entrar numa festa com suas vestimentas, ficou a observar pelas frestas da casa.
  Iansã, a deusa dos ventos,aproximou-se de Obaluaiê; neste momento, formou-se um turbilhão e o vento levou a palha, revelando um rapaz muito bonito,forte,cheio de energia. E os dois dançara a noite toda.Desde então os dois orixás vivem juntos, unidos contra o poder da morte,das doenças e dos espíritos das mortos, a evitar que desgraças aconteçam aos homens."




Copiado da revista dos Orixás nº5